Silenciam os pássaros
No adormecer das flores.
Solene, o tapete de veludo negro desdobrado,
Anuncia o despertar da Madrugada.
No Si cálido dos ipês guerreiros,
Ergue-se a esguia dama de olhos vendados,
Que maliciosa, espreguiça o seu véu rendado,
Cegando o clarão do luar.
Trilha a Filha das Trevas...
Em sirius, lambuza pés e luvas
Na argila amaldiçoada.
Na batalha das nuvens, geme,
Provocando a ira dos raios,
Roubando-lhes fagulhas e
Incendiando pescoço, nuca e seios.
O giro alucinado da silhueta,
Embriaga a Lua, que gargalhando,
Desnuda a pele pálida.
No ciclo mágico das águas em Si,
Vapor, neblina- sedutora,
Deságua...
Nos olhos cúmplices de Caim.
Gueixa ensandecida,
Rodopia no bailado afrodisíaco,
Paralisando céu e mar.
Rompendo a barreira da Morte
Resgata o amado.
Viola a cruz do sacrifício,
Transformando o mito em vento,
O sangue em mel, a arma em beijo,
A dor em beija-flor e o ...pecado...
Em rebentos de prazer.
Morte, vida, vida, morte,
Sombras, escuridão...
Vingada,
Adormece,
A Madrugada, em Si,
Na luz do sono de Caim.
LoucaPraTeAmar - 2008
